Sou metida, mas quem não é?
Boa noite, fiéis súditos deste nosso Reino Unido! Fui escolhida dentre todas as netas para falar sobre a minha vó, a Rainha. Fazer o quê? Me acham a mais extrovertida, a mais desinibida, ‘prafentex’ mesmo, ou como dizem, faladeira. E também metida. Sou metida, mas quem não é? Quem diz que não, morre de vontade de ser. Sabe por quê? Porque...ora.....porque.........porque, sim. E eu lá preciso dar explicação para tudo? Vocês não precisam disso, são inteligentes, lêem jornal, vêem TV, acessam internet, estudam, trabalham, enfim, dão a sua contribuição para o Reino. Ora, vocês sabem escolher o melhor. Por isso sou o membro da família real que vocês mais amam, não é? Lógico, depois da Rainha, minha vó. Rainha é que nem mãe, só tem uma. E olha que ela é minha mãe duas vezes. Isso eu nem discuto. Deixo pra lá. Eu tenho um discurso para fazer para ela. Mas sei lá, já perceberam o jeito dela? Está sempre assim: imponente, fria; parece até a estátua da minha tataravó que fica lá plantada, na grande praça de Londres. Como vou saber se vovó gostou ou não do que falei; se não dei outra mancada, como sempre ando fazendo?? Os meus conselheiros me falaram que a Rainha fala por gestos: se pousa a bolsa na mesa, seus assessores sabem que para ela tudo está bem, agradável; se a pousa no chão, o veredicto é certo: a pessoa que está falando com ela (ou sobre ela) a aborrece. É só observar, dizem meus conselheiros. Mas olha pra mim: eu lá tenho paciência pra ver onde está a bolsa da Rainha? Ah, faça-me o favor! Que ela fale, se expresse, afinal não é muda! Que mande os guardas me amordaçarem, me açoitarem, me jogarem na masmorra, sei lá. Agora ficam com medo de trauma psicológico. A Realeza não é mais como antigamente.
Por isso tudo, eu não tenho nada a dizer. Pois é, nada a dizer!! Preferi a sinceridade do silêncio do que hipócritas palavras decoradas de um discurso feito por um almofadinha real. Apesar de às vezes, a Rainha me pegar fazendo caretas, eu gosto dela, é que às vezes ela enche, sabe? Mas o meu amor pela Rainha, minha vó, é tamanho que não encontro palavras. E assim como Fernando Pessoa, eu acredito que “Quem quer dizer o que sente/ Não sabe o que há de dizer./ Fala: parece que mente.../Cala: parece esquecer.” Então, vovó, quero dizer, Vossa Majestade, eu agradeço por você continuar vivendo e governando; sem você, eu não poderia viver a vida em relativa paz, sem me preocupar com os afazeres de uma rainha; posso curtir e gozar a vida com direito a tapete vermelho na hora do jantar. Obrigada, minha Rainha!!
terça-feira, 10 de fevereiro de 2009
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ow, eu adoro monólogos... o ator tem q romper seus limites p poder fazer um... por isso, eu gosto de todos...bem, todos q tenham um bom texto... hehehehe... bjs, Ju Tells
ResponderExcluireu também adoro monólogos e concordo com a juliana.
ResponderExcluirmas o que eu também poderia esperar de vc né hahahah
excelente, um beijo