
Bão, em homenagem ao escritor brasileiro Euclides da Cunha cujo este ano completa 100 anos de sua trágica morte eu vou falar um pouco do espetáculo "Os sertões" do grupo Oficina de Zé Celso Martinez Correa. É uma peça que todos devem viver ela (vocês vão entender esse verbo), mas vão bem descansados porque são 6 horas de peça.
Foi muito bem sacado o mítico Zé Celso ser o Antônio Conselheiro, enfim é um dos grandes homens do teatro de resistência ainda vivo. Eu vi essa peça lá no teatro dele, no bairro do bexiga.
Acreditam que eu estava na bilheteria e ele me aparece?? Ele mesmo, Zé Celso, o mito, o cara que estava atualmente lutando contra o grupo Silvio Santos, do meu lado. Fiquei sem saber o que falar, nós não estamos acostumados a isso, aos mitos saírem de sua concentração e darem as caras a nós, simples espectadores. Acho que Zé Celso queria isso, acabar com a separação do teatro, espectador. Algo bem Brechtiano (do dramaturgo e teórico alemão Bertolt Brecht que queria acabar com o teatro ilusionista, ou seja, queria mostrar todos as convenções e artifícios do teatro e que o mesmo está presente na vida cotidiana) Tanto que no intervalo da peça, os atores comiam seus lanches junto com o público.
O teatro em si já era diferente. Não existia um palco em cima e a platéia em baixo, existia sim, arquibancadas dos dois lados de uma longa pista. Era como de um plano a um morro ele colocasse arquibancadas e fizesse ali a peça...e lá em baixo uma parede de vidro do qual se via uma árvore colada a parede e que cuja copa entrava pra dentro do teatro. Muito diferente.
Agora sobre viver o espetáculo, porque quem ficava na parte de baixo da arquibancada, participava do teatro. E eu estava lá. Lógico. A primeira coisa que fiz foi cantar o Hino da Bandeira junto com o Exército Brasileiro, depois virei sertanejo e participei de uma procissão bem carnavalesca, depois tive que correr do Exército e deitar no chão, enfim, muitas coisas. Vocês viram que é bem diferente do que estamos acostumados? É puro teatro e uma experiência que me lembro mais disso do que da peça em si. Essa experiência é bem mais viva...
Nesse episódio (acho que a peça tem seis partes), mataram o Moreira César, enfim, tive um cenário muito bacana e móvel, o canhão matadeira foi representado muito legal, tem uma parte terrível, muito viagem, de corpos nus nos quais jogavam tinta vermelha representando sangue. Tinha umas desconstruções, o Zé Celso entrevistando o ator, uma viagem.
Vale a pena ver!!!!!! E SALVE O OFICINA E SALVE EUCLIDES DA CUNHA!!!!!
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